No último sábado, dia 11 de novembro, testemunhamos o retorno triunfal da "velha" Bate-Estaca, que estávamos acostumados a ver. A ex-campeã do peso palha (52kg) não apenas venceu, mas também convenceu na luta contra Mackenzie Dern, uma adversária de alta qualidade que se preparou intensamente para dar o seu melhor.
Atualmente na quinta colocação (até o momento deste artigo), Jessica já sonha em recuperar o cinturão da categoria, e sua posição favorável é reforçada pelo excelente relacionamento com Dana White. Estou ansioso para ver Jessica competindo e reconquistando o título, pois, na minha opinião, ela é merecedora de todo o sucesso.
Antes dessa vitória, Jessica havia perdido as últimas três lutas. Hoje, discutiremos um pouco mais sobre o aspecto psicológico e como nossos relacionamentos podem influenciar nossa performance esportiva.
Os fatos que compartilharei aqui são baseados nas declarações públicas de Jessica; não farei suposições nem julgamentos. Como fã de Jessica, adoraria um dia trabalhar como coach mental com ela, então, se alguém estiver assistindo a este vídeo e conhecê-la, por favor, avise-a.
No início do ano, Jessica revelou estar passando por um processo de divórcio, buscando recursos para custear advogados e todo o processo envolvido. Embora eu não tenha detalhes sobre o ocorrido (e mesmo que tivesse, respeitaria a privacidade), a separação teve impacto em sua vida, financeiramente e emocionalmente.
Este ano, Jessica lutou cinco vezes, vencendo a primeira contra Lauren Murphy em janeiro. No entanto, as derrotas contra Erin Blanchfield, Xianona Yan e Tatiana Suarez seguiram-se. Como especialista comportamental, familiarizado com atletas profissionais, especialmente lutadores de MMA, percebo claramente quando algo não está certo, principalmente com um atleta como Jessica Andrade.
Na última luta de sábado, Jessica apresentou uma diferença notável. Desde o momento em que ela entrou, era evidente que algo havia mudado. Percebi uma motivação diferente, indo além do dinheiro — um prazer genuíno em lutar e competir. A verdadeira Jessica Andrade, a Bate-Estaca, havia retornado!
Jessica comentou: "Não é a mesma quantidade que ela, graças a Deus, mas eu tenho que pagar pensão também. Até o processo acabar, não tem para onde correr. Também (é um dos motivos para fazer muitas lutas este ano). Porque foram muitos gastos com advogado aqui (EUA) e no Brasil. Eu não estou só fazendo um processo aqui, estou fazendo um no Brasil também. Tem muita coisa que envolve o financeiro e realmente eu estou fazendo cinco lutas esse ano por conta disso. Não seria necessário pela quantidade que eu ganho dentro do UFC. Mas por conta do divórcio e medo de 'não sei quando eu vou lutar de novo', vai que acontece uma lesão ou alguma coisa, então a gente tem que estar lutando sempre".
A lição que podemos extrair disso é multifacetada. Primeiro, compreendemos a importância de nossos relacionamentos pessoais e como eles interferem em nosso trabalho, especialmente na performance esportiva. É crucial escolhermos parceiros que nos ajudem, e se percebermos que alguém não está contribuindo positivamente, o melhor é encerrar.
Em segundo lugar, a motivação é fundamental. Quando a motivação não vai além do financeiro, fica difícil alcançar o máximo desempenho. No exemplo de Jessica, ela inicialmente lutou pensando principalmente no dinheiro. Não há nada de errado nisso, mas esse tipo de motivação não proporciona as condições ideais para o melhor desempenho. Como treinador mental, eu buscaria alinhar o fator financeiro com o propósito de Jessica, colocando-a em uma posição mais favorável para a vitória.
Portanto, é crucial estar alinhado com seu propósito e objetivos para alcançar o melhor desempenho possível. Desejo muita sorte a Jessica, que, aos 32 anos, ainda tem muito pela frente. Estarei torcendo por ela, e quem sabe, um dia, terei a honra de ajudá-la como treinador mental. Seria um prazer!
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